"Better believe that I'm coming for you
You better be sure when you open the door"

Chegar à Mystic Falls não era tão difícil, mas era uma viagem longa, e nem sempre ter muito tempo para pensar é algo bom. Anos, décadas haviam passado entre ela e Damon, e no entanto, ali estava ela, voltando para os braços do primeiro, o primeiro a tomar seu sangue, a tomar sua vida, a alimentá-la, a levá-la para cama, a tomar seu coração, sempre el, sempre Damon. Holly suspirou enquanto guiava o Porsche preto que havia "ganho" de um vendedor, seu coração poderia saltar de sua boca apenas em pensar que o veria novamente, atitude de uma garota morta décadas atrás, que apenas ele vira e que transformara.

A mulher encarou os lábios vermelhos no retrovisor, e não conteve um sorriso malicioso ao ver a cor rubra como sangue. Sangue. Uma iguaria que ela simplesmente adorava, que ele a ensinara a amar. O sabor de sangue quente, fresco, sendo bombeado de um coração vivo, é como o vinho, não pode ser julgado pelo rótulo, os velhos ficam amargos, os novos são muito adocicados, deve ser escolhido a dedo, e se degusta cada gota até o final. O pensamento lhe dava sede, mordiscou os lábios e constatou que passava por uma pequena cidadezinha, mas resolveu conter-se, vê-lo era mais importante, e sempre poderiam conversar enquanto bebiam. Holly poderia ir diretamente ao bar da cidade, seria fácil encontrá-lo lá, mas resolvera tentar a pensão dos Salvatore primeiro, queria conhecer a casa dele, o quarto, principalmente.

As árvores passavam rapidamente, a próxima cidade era Mystic Falls, tinha certeza. Os dedos começaram a tamborilar o volante, apreensão, ansiedade, impaciência, tudo isso combinado. No dedo anelar, o pequeno anel que lhe permitia sair durante o dia, nem todos vampiros eram tão sortudos em ter algo assim, mas Damon Salvatore era um espécime único, e ele encontrara um modo de presenteá-la com aquela joia. Lembrava do dia em que o recebera, dos olhos azuis brilhando, do sorriso sapeca ao vê-la aproveitando a luz do sol depois de meses no escuro. Ele parecia encantado com a felicidade dela em algo que ele julgava tão simples, mais encantado ainda com o agradecimento que recebera.

Holly riu sozinha, revivendo cada detalhe, cada beijo, cada toque, cada respiração. Apertou com força o volante, as unhas fazendo pequenos furos contra o couro. Mystic Falls, a placa a chamava de volta à realidade. Damon, estaria ele feliz em lhe ver, ou lhe mandaria embora sem uma palavra? Ele teria uma explicação pela partida sem adeus? O que tinha acontecido? Os dias e noites juntos tinham o entediado? Não, não era possível. O Salvatore gostava dela, ela sabia, ela tinha certeza, eles faziam um time maravilhoso. Será que ainda seriam?

O porsche preto estacionou na pequena entrada da "pensão" que mais parecia uma mansão, Holly observou a estrutura com cuidado, como quem quer gravar a imagem na memória, afinal não saberia por quanto tempo seria permitida aquela vista. Abriu a porta e saiu do carro, os escarpins negros contrastando com a calça jeans escura e apertada, a blusa de crepe vermelha que mostrava as costas nuas, e deixava um leve decote em "V" no colo. Os cabelos dourados caíam soltos, levemente ondulados, emoldurando o rosto claro e determinado. Seus passos até a porta foram lentos, mesmo que a ansiedade exigisse que ela corresse até ele. Holly conteve seus sentimentos, abriu um sorriso de canto, lábios fechados, e bateu à porta. Os segundos eram lentos para ela, mas quando a porta finalmente abriu, ela teve que conter pular em seus braços e apenas cumprimentá-lo maliciosa.

- Saudades?