Sentando-me debaixo de um carvalho velho, abro minha bolsa de onçinha, uma que eu não saía sem desde meus 8 anos de idade quando a ganhei de um tio meu que morreu faz algum tempo, e peguei meu caderno de desenho. Comecei a desenhar o que via a minha frente, e falando sério, a paisagem era perfeita: Uma chorona no meio de alguns carvalhos novinhos, todos mais ou menos do tamanho dela. Em volta de suas raízes, cresciam algumas flores de todas as cores, contornando também as árvores que se encontravam perto dela. Ninhos de bem-te-vis e joão-de-barro se encontravam no meio da folhagem densa dos carvalhos e de lá, se escutava o pedido de comida se seus filhotinhos. Olhando melhor, pude ver o sol de longe. Fui desenhando tudo isso, e depois que observei meu desenho, ele havia ficado perfeito. Contornos rodeavam as sombras que se espalhavam na paisagem de tirar o fôlego “Original” e eu soube usar muito bem o esfumaçamento nas folhas da solitária chorona. Desenhar era uma das únicas coisas que eu sabia fazer, perfeitamente.
Depois de terminar o desenho, coloco meu caderno de volta em minha bolsa, e descanso minha cabeça sobre ela. Observando o sol, que agora se encontrava acima de minha cabeça. Eu deveria estar na escola nesse exato momento. Meio-dia. Mas eu não iria, ver a cara de professoras e da diretora, não iria me ajudar muito em minha vida. Então, depois de algum tempo, sem fazer nada, pego meu livro na bolsa, A Filha da Tempestade, um livro muito bom até onde eu avia chegado. Eu estava em uma parte em que Eugenie “Odile” era seu apelido, foi a um universo paralelo chamado Outro mundo e conheceu Dorian, o mocinho que eu estava torcendo pra ficar com ela. Muito fofo aquele rapaz. E eu estava deitada em baixo do nome de seu reino. “O Rei dos Carvalhos”, meu futuro imaginário marido. Dando risada comigo mesma de minha tolice, me perco em meu próprio mundo.

Estava quase no meio do livro, em uma parte em que Odile conquistava seu reino tão merecido, e o lindo do Dorian falava que a amava, quando percebei um ruido estranho vindo de trás de uma árvore. Levantei a cabeça o bastante para ver um pouco acima do livro e vi de onde o som estava vindo.
Coloquei meu livro de lado e me levantei, indo em direção a tal árvore. Era grande, coloquei a cabeça ao seu redor e vi um menino. deveria ter mais ou menos uns 16 anos. Estava encolhido atrás dela. Abri um pequeno sorriso.
-Está se escondendo de alguém? - sussurro para apenas ele me escutar. Não queria estragar seu esconderijo.

Levando em conta o susto do garoto, ele realmente estava se escondendo de alguém.
-Não estava me escondendo, estava passeando. - Disse, parecia mais relaxado agora. -E você, o que faz sozinha por aqui? - pergunta, virando um pouco a cabeça.
- Eu? Bem... estou fugindo da minha vida. - Sorrio para o garoto. - Me chamo Lindsay, prazer. -

O acompanhando, solto também uma pequena risada
Olho por cima do ombro, para onde Jared estava olhando e abro ainda mais o sorriso.
- Ah, aquilo? Bem, escapar de um lugar não tem graça se você não ir para outro. - digo, filosofando. - Recomendo, é muito bom e você ainda pode ter a chance de conhecer meu futuro marido. -
Mudando a direção de meu olhar, agora olho para a árvore, e percebo que era muito alta e sem nenhum galho para se apoiar, fecho meu sorriso e franzindo a testa, pergunto:
- Você estava lá em cima?

Vendo a confusão estampada no rosto do garoto, sorri novamente. Agora dando tapinhas em sua bochecha.
-Eu estava apenas brincando. - olho para ele, que havia ficado um pouco corado com a primeira pergunta.
Era meio estranho eu falando com alguém sem que fosse forçada, como estava sendo esses últimos anos.
Mudando de assunto novamente, ele olha para a árvore.
- Estava sim, alta não? - diz, dando um sorriso aberto de satisfação.
- Muito alta, como conseguiu? Não tem nenhum apoio. -

Olho de Jared para a árvore, com a dúvida na cabeça. Contraiu os lábios.
-Parece BEM difícil! -
Se eu subisse era provável que eu caísse, mas se eu não subisse, iria ficar com vontade. Dúvida cruel!
Olhei novamente para o garoto.
-Não sei não... Não sou muito atlética, vou me quebrar inteira. - E não estava brincando, era bem capaz de eu me quebrar inteira só de tentar subir.

Olho para a mão do garoto, para a árvore e depois para seu rosto. Sorrindo meio sem jeito, pego sua mão.
Voltando novamente a olhar para ele, digo brincando:
- Ta. Mas se eu cair, você vai ser um menino morto ok? -
Era meio estranho pensar em subir em uma árvore. Vejo minha mão em cima da sua, olho para meus pés, cobertos pelos all star preto de cano alto e me perguntando como faria pra colocar ele em cima de uma árvore.
- Hum... O que exatamente eu faço agora?

Eu sorrio meio amedrontada, olhando meu desafio. Faço exatamente como Jared tinha especificado antes. Observo como ele analisava a árvore e o modo como franzia a testa enquanto pensava. Ele deveria estar pensando muito aliás, pois suas sobrancelhas estavam até tortinhas nos cantos. Eu olhava atentamente para os pontos que seus olhos percorriam rapidamente e segui o que ele falava. Apoiei-me em seus ombros quando ele nos aproximou e alcancei a saliência com facilidade assim que ele me ergueu. Consegui me puxar mais um pouco para cima e me sentei.
Com um sorriso vitorioso no rosto, olhei para baixo.
- -Consegui... Quero dizer, você conseguiu. Me colocou em cima de uma árvore. Bravo senhor Valtine. - Digo, ainda sorrindo muito.
-Sua vez, mais acho que você não vai precisar de ajuda. - Não completei com: " Como eu", por que seria muito humilhante.

Olhando a facilidade com que o garoto subiu na árvore, me senti meio envergonhada. Ele sentou-se ao meu lado, com as pernas em volta do galho.
- Claro. - digo ironicamente depois de Jared dizer que os créditos são meus, por estar em cima da árvore.
O vejo indo me direção a um ninho de passarinhos e depois de pegar alguma coisa, se sentar novamente ao meu lado. Mostra-me o que pegou e fico encantada ao ver que é um passarinho.
- Que gracinha. - Digo, tentando passar a mão na pequena criatura.
Ele era meio estranho. Depenado e com coloração esquisita. Mas depois de observá-lo mais atentamente, viu que era bonitinho a sua maneira. Era pequena e o jeito que seu pescoço ficava quando tentava bicar a mão de Jared era engraçadinha.
- Como vamos chamá-lo? - pergunto, olhando Jared.

Sorrio alegremente.
-Esquisitinho é... perfeito. - digo, olhando Esquisitinho.
Assenti com a cabeça, animada. deixando minhas mão em forma de concha, espero por Jared colocar o pequenino nelas.
- Esquisitinho é bastante apropriado. Nosso pássaro se chama Esquisitinho. - Legal. Meu primeiro passarinho se chama Esquisitinho. Lindsay Parker, a garota normal. Zombo de mim mesma.